Vêm de todo o mundo, instalam-se em hotéis baratos e fazem peregrinações aos locais sagrados. Até que começam a vestir-se e a falar como Jesus...
São pessoas normais vindas de todo o mundo. Mas quando chegam à cidade-santa de Israel, transformam-se em Jesus cristo, São João Baptista ou Virgem Maria. A perturbação psicossomática chama-se síndrome de Jerusalém e atinge anualmente 50 a 100 visitantes da cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.
Homem ou mulher, novo ou velho, qualquer turista, entre os três milhões que se deslocam todos os anos a Jerusalém, pode contrair a doença. Embora a maioria dos casos diagnosticados seja de adultos protestantes de meia-idade, que toda a vida seguiram os ensinamentos da Bíblia.
Chegam à cidade, instalam-se num hotel barato, fazem visitas demoradas à igreja do Santo Sepulcro - construída no local onda se julga que Cristo foi cruxificado à quase dois mil anos -, e perdem a cabeça. Jejuam, lavam-se obsessivamente, passam a usar túnicas feitas com os lençóis do quarto de hotel, começam a ouvir vozs e acabam internados em unidades hospitalares.
Em 1969, possesso, Denis Michael Rohan, acreditando estar a cumprir uma missão divina, incendiou a mesquita de al-Aqsa provocando motins na cidade santa (o caso deu origem a um filme).
O síndrome de Jerusalém foi descrito pela primeira vez nos anos 30 do século passado, mas conhecem-se relatos de casos desde a Idade Média. Comportamentos semelhantes foram sendo registados ao longo de séculos noutras importantes cidades religiosas, como Roma ou Meca, mas o fervor atingido em Jerusalém é maior.
Lucas Salgado
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